O Plástico – De Messias a Vilão

“Mais de 7 quilos de plástico mataram baleia-piloto” 

“Uma cria de foca morre com um pedaço de um invólucro plástico no estômago” 

“Globalmente, menos de um quinto do plástico é reciclado. A maioria está a acumular-se em aterros ou a arrastar-se no ambiente como lixo” 

“Prevê-se que em 2050 a quantidade de lixo no mar seja superior ao número de peixes” 

Todos os dias leio histórias trágicas ou interpreto dados assustadores acerca da presença do plástico no nosso planeta. Todas as fontes o intitulam como o grande vilão. Mas a verdade é que nem sempre foi assim.

O que nos trouxe aqui?

A minha questão é: se a grande produção de plástico só começou em 1950, como é que, em sete décadas, chegámos a este cenário?

O primeiro plástico industrial surgiu como alternativa ao escasso marfim. Mais tarde, fez nascer a película ideal para fomentar a indústria de Hollywood e difundiu música pelo mundo inteiro através de vinis e cassetes. Esterizável e descartável, aumentou a higiene nos hospitais e chegou a ser visto como um grande aliado contra o desperdício alimentar.

O que correu mal?

Depois da Segunda Guerra Mundial, a indústria petroquímica em expansão desenvolveu dezenas de novos materiais plásticos e as economias de escala tornaram-no cada vez mais barato. Em 1960 surge o plástico de uso único (garrafas, palhinhas, pratos, copos, talheres, etc) conquistando de imediato os consumidores. Nasce então a cultura do descartável.

Hoje o plástico faz parte de qualquer rotina, quase sem nos apercebermos como, nem porquê. Está presente nas cozinhas, nas casas de banho, quando almoçamos fora e até quando passeamos o cão.

Todos os esforços para reciclar e reutilizar são importantes mas a verdadeira solução está em parar a produção de plástico. E é aí que nós consumidores temos o papel decisivo – se não consumirmos plástico, não será produzido plástico!

Não podemos voltar aos anos 60 e reescrever a história da humanidade mas podemos escolher o nosso futuro a partir daqui. Vamos lá? 🌿

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